Os pacientes do Distrito Federal
diagnosticados com Diabetes Tipo 2 (DMT2) têm uma nova chance de tratamento da
doença. Regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a cirurgia
metabólica - uma variação da cirurgia bariátrica usada na obesidade
- passou a ser indicada como opção no tratamento da DMT2 para pacientes
que possuem Índice de Massa Corporal entre 30 Kg/m2 a 35 Kg/m2.
Dados da Pesquisa de Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico
(Vigitel) de 2016 estimam que 8,9% da população acima dos 18 anos no Distrito
Federal são acometidas pelo diabetes, o que equivalente a 260 mil brasilienses.
Desses, aproximadamente 70% recebem assistência da Secretaria de Estado da Saúde
do Distrito Federal (SES/DF).
O objetivo é
a identificação precoce da doença e a intervenção adequada, por meio do
incentivo à alimentação saudável, prática de atividade física,
automonitorização do açúcar no sangue, além da prescrição de medicamentos e
insulinas, para que os sintomas que interferem na qualidade de vida e as
complicações de longo prazo sejam minimizados.
No entanto,
apesar do acompanhamento periódico dos médicos e o uso de novas medicações,
mais da metade dos doentes não conseguem o controle da doença, mesmo tomando uma
boa medicação.
“A cirurgia metabólica
deve ser considerada como uma opção para tratar o Diabetes Tipo 2 em pacientes
com obesidade grau 1, com a doença mal controlada apesar do tratamento médico”, afirmou o presidente do Capítulo do Distrito Federal da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Luiz Fernando Córdova.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica
e Metabólica (SBCBM) acaba de lançar uma campanha inédita no Brasil.
Com o slogan “Cirurgia Metabólica, uma Nova Vida para
pacientes com Diabetes Tipo 2”, o objetivo é informar a população sobre as
causas, riscos e tratamentos para a Diabetes
Tipo 2 (DMT2). O site da campanha já está no ar.
Acessando www.vidanovametabolica.org.br é possível encontrar
todas as informações à respeito da doença.
EFEITOS DA
CIRURGIA METABÓLICA
Um estudo
recente feito no Brasil mostrou que a cirurgia pode auxiliar o combate a este
tipo de diabete em pessoas com obesidade leve. O trabalho, publicado na
revista Diabetes Care, da Associação Americana de Diabete,
avaliou 66 pacientes com obesidade moderada (índice de massa corporal entre 30
e 35 kg/m²).
Cerca de 90%
dos participantes tiveram remissão do diabetes – os médicos não costumam falar
em cura. Depois de um período que variou de 3 a 26 semanas, eles deixaram de
utilizar remédios orais e, desde a cirurgia, os sintomas não retornaram. Nos
demais pacientes, mais de 11% registraram melhora no controle de açúcar no
sangue. Todos os pacientes avaliados passaram por uma cirurgia conhecida como
bypass gástrico, o mais popular tipo de cirurgia bariátrica no mundo.
CASOS DE SUCESSO
O casal
Francimar Ferreira de Lima, 44 anos, e Ana Cristina Bezerra Lima, 45 anos,
conviveram com o diabetes e medicamentos por muitos anos e encontraram no
método cirúrgico a qualidade de vida.
Francimar foi
diagnosticado com diabetes há 12 anos e só descobriu a doença após ser
hospitalizado. A crise de glicemia no sangue atingiu o pico de 700 mg/dl,
quando o valor considerado normal é menor que 99 mg/dl. Ele chegou a ser
internado outras duas vezes e já sofria com retinopatia diabética, uma das
consequências da diabetes que pode levar à cegueira. O pâncreas já quase não
produzia insulina. Ele convivia com duas aplicações diárias de insulina
injetável e medicamentos para controlar o diabetes antes do procedimento.
Ana Cristina,
que chegou a pesar 129 quilos, enfrentava o descontrole da glicemia e outros
doenças associadas ao excesso de peso a pelo menos 2 anos. O ganho de peso, no
caso dela, aconteceu após a terceira gravidez a cerca de 20 anos. Seu nível de
glicemia no sangue registrava, em média, 160 mg/dl. Ela foi submetida à
cirurgia metabólica há um ano e seis meses, hoje pesa 69 quilos e está no
estágio de remissão do diabetes em que nenhum medicamento é necessário para
controlar a glicemia.
“[Após a cirurgia]
Quando eu fui ao endócrino ele falou para suspender a medicação. Parei de
imediato e o meu nível de glicemia é hoje de 90 [mg/dl]”, conta Ana.
Já Francimar
foi submetido à cirurgia metabólica seis meses depois da esposa. Ele chegou a
pesar 87 quilos. Hoje está mantém 67 quilos.
Além da perda
de peso, a cirurgia o deixou livre das aplicações de insulina e o controle da
doença hoje é feito apenas com doses menores de medicamentos. O procedimento
também colaborou para o controle do índice de triglicérides e a hipertensão.
“Eu tenho um único arrependimento muito grande
que é não ter feito antes. A minha vida melhorou muito. Eu sou uma pessoa mais
disposta, me sinto melhor, consigo fazer exercícios. Se eu tivesse feito antes
eu não teria vestígios da diabetes, mas estou satisfeito com os resultados e
meus exames mostram os percentuais praticamente de uma pessoa que não tem
diabetes”, conta Francimar.
A cirurgia metabólica foi liberada para
pacientes com IMC como o dele após portaria publicada pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM) em 2017.
“A medicina não fala de
uma cura para o diabetes e sim de um controle dos níveis glicêmicos em que o
paciente não sofre as consequências da doença, como a retinopatia diabética de
Francimar, problemas vasculares, cardíacos, renais e hepatológicos”, explica Córdova.
A CIRURGIA NA REDE PÚBLICA
A Secretaria
de Estado da Saúde do Distrito Federal (SES-DF) vai normatizar a realização da
cirurgia metabólica – destinada aos pacientes com Diabetes Tipo 2 - para a rede
pública do estado. Foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal
uma portaria instituindo o Grupo de Trabalho que será responsável por
desenvolver o serviço de cirurgia metabólica na SES-DF.
A portaria
publicada considera que o Conselho Federal de Medicina reconheceu, através da
resolução 2.172/2017, a cirurgia metabólica como opção terapêutica para
pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 (DM2), com Índice de Massa
Corporal (IMC) entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2, desde que a doença não tenha sido
controlada com tratamento clínico.
Fonte: Sociedade
Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM)
Assessoria
de Imprensa
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