CÂNCER DE MAMA
Somos a maior geração de sobreviventes
O câncer de mama, o segundo mais comum entre as
mulheres no Brasil (atrás apenas dos tumores de pele não melanoma), tem
registrado avanços significativos no tratamento e no aumento das taxas de
sobrevivência.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA),
até 2025, cerca de 74 mil novos casos da doença serão diagnosticados anualmente
no país. Mas graças à evolução dos tratamentos oncológicos e à detecção
precoce, hoje vivemos o que pode ser considerada a maior geração de
sobreviventes do câncer de mama. No entanto, a batalha dessas mulheres não
termina com a cura física.
Este fato marcou o início de uma transição que continuou nos anos seguintes, resultando em melhores resultados para pacientes diagnosticados em estágios iniciais da doençaExplica a médica GIOVANNA GABRIELE, mastologista do corpo clínico dos hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein e chefe de equipe dos hospitais Nove de Julho e São Camilo Pompéia, além de Especialista e Titular pela Sociedade Brasileira de Mastologia (TEMa).
A INFORMAÇÃO CORRETA É O MELHOR PREVENTIVO
Apesar dos avanços
significativos no tratamento e no aumento das taxas de sobrevivência, um
desafio persistente é a falta de informação correta sobre os fatores de risco
do câncer de mama. Embora a detecção precoce e as inovações oncológicas tenham transformado
o panorama da doença, é alarmante constatar que muitas mulheres ainda possuem
concepções equivocadas sobre os principais fatores de risco.Uma pesquisa recente, encomendada pela Pfizer e conduzida pela empresa Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), revelou que sete em cada 10 mulheres no Brasil acreditam, de forma equivocada, que o histórico familiar é o principal fator de risco para a doença. Porém, de acordo com a literatura médica, apenas entre 5% e 10% dos casos têm ligação com fatores hereditários.
A pesquisa, intitulada "Câncer de Mama no Brasil: Desafios e Direitos", entrevistou 1,4 mil mulheres acima de 20 anos em seis capitais brasileiras (São Paulo, Belém, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Distrito Federal). Apenas 32% das participantes reconhecem que o câncer de mama está associado a fatores de risco modificáveis, como o consumo de álcool e o excesso de peso, os quais podem ser influenciados pelo estilo de vida.
A (HÁ!) VIDA APÓS O CÂNCER
Com a crescente
conscientização e a evolução do tratamento, a expectativa de vida após o
diagnóstico de câncer de mama aumentou consideravelmente nas últimas três
décadas. Nos anos 90, a taxa de mortalidade por câncer de mama era
significativamente maior, mas com a detecção precoce e o avanço dos
tratamentos, muitas mulheres sobrevivem à doença e continuam suas vidas de
maneira plena. Vale destacar que, quando diagnosticado em fase inicial, as
chances de cura chegam a 95%.Contudo, o suporte emocional é essencial para que essas mulheres se sintam preparadas para esse novo capítulo de suas vidas.
Muitas pacientes oncológicas relatam dificuldades em lidar com o período pós-tratamento.
Embora o câncer tenha sido vencido, o impacto emocional permanece. É comum que se sintam perdidas, sem saber como retomar suas vidas de forma plena. Por isso, o suporte emocional e psicológico são fundamentais para a recuperação total.Dra. GIOVANNA GABRIELE
Médica mastologista
Kelly Pinheiro, jornalista e empresária, é um exemplo inspirador de alguém que enfrentou o câncer de mama e emergiu ainda mais forte. Paciente da Dra. Giovanna Gabriele, ela não apenas venceu a doença, mas transformou essa experiência em uma oportunidade para compartilhar sua jornada, inspirando outras mulheres a enfrentar o câncer com coragem e determinação.
Tive o apoio de familiares, amigos e profissionais extremamente atenciosos. Sei que com o suporte adequado e a determinação, é possível não apenas sobreviver ao câncer de mama, mas também construir uma vida plena e significativa após a doença. Hoje, utilizo tudo o que me fortaleceu para ajudar outras mulheres a encontrarem sua própria forçacompartilha Kelly.
TAMBÉM PRECISAMOS FALAR SOBRE SEXO
Embora o câncer de mama seja
uma das doenças mais debatidas na atualidade, a sexualidade após o tratamento
ainda é um tabu. Muitas mulheres enfrentam dificuldades em retomar a vida
sexual, especialmente aquelas que passaram por cirurgias de mastectomia (remoção parcial ou total
da mama) ou tratamento hormonal, enfrentando os efeitos de uma menopausa
(quando induzida), fadiga, depressão, baixa libido, estresse e ansiedade.A sexualidade faz parte da identidade feminina e é fundamental que as pacientes se sintam confiantes para retomar essa parte. Elas podem levar uma vida maravilhosa, mas algumas coisas não serão mais como antes, por isso questionamentos como 'será que sou menos mulher?’ são comuns no consultório.Dra. GIOVANNA GABRIELE
Médica mastologista
Com o avanço das técnicas de reconstrução mamária e o desenvolvimento de tratamentos menos invasivos, o impacto físico da doença tem sido reduzido, permitindo que as mulheres voltem a se sentir confortáveis com seus corpos.
Além disso, há um alarmante fenômeno social: 7 em cada 10 mulheres são abandonadas pelos parceiros durante ou após o tratamento.
Novamente é necessário reforçar a importância do suporte multidisciplinar, que inclui assistência psicológica e familiar. Nosso trabalho não termina na cura física. Precisamos cuidar dessas mulheres como um todo, resgatando sua autoestima e confiança.Dra. GIOVANNA GABRIELE
Médica mastologista
Para finalizar, a Dra. Giovanna Gabriele destaca a importância do OUTUBRO ROSA para a conscientização sobre o câncer de mama, período em que a mídia, médicos e influenciadores se dedicam ao tema.
Essas ações são muito importantes pois têm o poder de salvar vidas, apoiando com informações responsáveis e incentivando mulheres a procurarem um médico mastologista para a realização de exames periódicos. Mas não podemos ser somente alarmistas, precisamos e devemos desassociar o câncer à sentença de morte. Há uma vida incrível após o diagnóstico!Dra. GIOVANNA GABRIELE
Médica mastologista
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