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A PANDEMIA DE "CIDADÃOS DE BEM" - *Júlio Carneiro

Dias atrás, um homem entra em uma sorveteria em Campinas-SP e a moça que o atendia pede para ele colocar a máscara, pois essa era a norma sanitária.

O homem reage com um ataque de fúria ... e tudo é registrado em um vídeo que logo depois viraliza.
 
Constrangido pela repercussão negativa, ele sai das redes sociais não sem antes dar a oportunidade de um diagnóstico. Ele se sente prejudicado e não reconhece a culpa pela agressão, apenas se justifica que é um "cidadão de bem".,
 
Esse tipo de acontecimento tornou se comum, ou seja, comum a exposição viral da violência que marca nossa cultura.
 


O Brasil nunca teve suas mazelas expostas como agora.
Temo-nos descoberto um povo violento e arrogante em relação a quem erradamente julgamos ser menos. As pessoas arrotam uma formação acadêmica superior, a riqueza material, um cargo público elevado ou a cor da pele para despejar o famigerado: sabe com quem vc está falando?
 
"Colocar os óculos da fraternidade"
Reconhecer o outro diferente de mim, mas no mesmo plano é quase uma ascese espiritual, mas não foi menos do que isso que o Jesus histórico fez. Várias linhas científicas e culturais também chegaram a essa verdade, definida em parte pela alteridade e, na prática, traduzida em direitos humanos. 
 
A pessoa sentir-se "cidadão de bem" não está errado, mas usar só pra si o conceito está errado.
O outro é também um cidadão de bem, ele possui dignidade de um ser humano e independente de quem seja, nada o faz menor ou maior. Essas afirmações que parecem ser facilmente compreendidas encontram muita resistência, ainda.
 
"Direitos Humanos para humanos direitos!" 
“Só serve para dar regalias a bandidos, vagabundos e não a cidadãos de bem!” Esses podem ser os enunciados de ideologias que estão por trás desses atos de intolerância.
As ideologias precisam de um degrauzinho de superioridade para justificar a eliminação do outro.
 


O exercício da alteridade pode nos curar, até porque a intolerância é como uma ferrugem. Se não tratada, volta-se para si próprio e até para quem vive ao lado.
A ideologia começa por eliminar os diferentes, mas termina eliminando também os iguais.



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