SAÍ DO MEU BUNKER!
*Dr. Júlio Carneiro
Uma semana depois de reclusão total, dirigi o carro para
ajudar um filho a resolver algumas questões urgentes no centro da cidade.
Fiquei no carro e aproveitei para observar as pessoas.
Não gostei do que vi. Havia poucas pessoas nas ruas, mas
muito comportamento errático. Dentro dos comércios, as pessoas não respeitavam
a distância de segurança, raras usavam máscara, passavam a mão no nariz, nos
objetos e, principalmente, no celular.
Vi um jovem entrar em uma farmácia, onde havia pessoas
tossindo, ele saiu, abriu a embalagem do chocolate e comeu sem higienizar as
mãos.
Vi gestantes e idosos completamente alheios aos cuidados.
“A impressão é que estamos na guerra sem preparo e sem comando. Sem estrutura e até sem informação”.
Sem preparo, pois o Brasil não possui experiência em relação
a catástrofes ou a guerras, nunca passamos por momentos de ampla e profunda
crise que exigisse esforços sobre-humanos e, portanto, de união. Não sabemos o
que é isso.
O máximo desafio que temos costume de enfrentar são os jogos
da seleção na copa do mundo.
Sem comando, pois as nossas autoridades batem cabeças com
muito ego e interesse em jogo. E o mais grave falta humildade.
Alguns ou quase todos falaram besteiras, e diferente de
outros líderes no mundo que reconheceram o erro e mudaram o discurso, aqui
parece que estamos lidando com autoridades que se julgam messias que nunca
erram.
“Se ninguém abre mão das verdades pessoais, mesmo as que caducaram, não há diálogo”.
Temos leis e temos estruturas de proteção social, de saúde,
de educação, de segurança e serviços de apoio, inclusive com alternativas, e
temos especialistas experientes em gestão desses recursos, mas parece que sem
comando, não temos nada. Falta uma convocatória para uma conversa de entendimento
para uma lúcida tomada de decisões no campo da saúde, social e econômico.
“Na guerra, pouco importa a cor das camisas”.
Parece que estamos em uma Babel, com muita informação e contrainformação.
No tempo da Internet de alta velocidade, corremos o
risco de perder o time da vida. Precisamos de decisões certas e ações que
caminhem na velocidade requerida.
O Brasil é muito grande e os recursos, assim como as
informações claras, precisam chegar urgentemente aos mais vulneráveis e
distantes.
“Saí do bunker e não gostei do que vi pelas ruas”.
A ficha não caiu, as pessoas não acreditam que podemos
antecipar o pior dos mundos com as atitudes desleixadas, egoístas e
contenciosas. Está na hora de sair da polarização.
Precisamos canalizar energias para uma mobilização de
pessoas, junto com o poder público, em prol de enfrentar a situação com gestos
concretos.
Para isso, o silêncio, sem panelas batendo, sem
pronunciamentos irracionais.
Não estamos tendo o comportamento de um povo que deve vencer
um inimigo comum do tamanho desse.
“Do jeito que estamos, será outro 7 x 1, porém sem condições de revanche, pois as perdas serão definitivas e muitíssimo dolorosas”.
AVANTE BRASIL, ESSA É
A NOSSA GUERRA!
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