Pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança
Pública junto ao Instituto Datafolha aponta que mais de 16 milhões de mulheres
sofreram algum tipo de violência ao longo de 2018.
Segundo as projeções realizadas a partir do levantamento,
536 mulheres foram agredidas fisicamente a cada hora no Brasil com socos,
empurrões ou chutes.
No caso dos espancamentos o número também é estarrecedor:
177 mulheres são
vítimas desse tipo de agressão a cada hora no país.
Os resultados obtidos foram muito semelhantes ao de outro
levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança, realizado em 2017.
“Os dados indicam que o volume de mulheres vítimas de violência todos os dias é altíssimo, e que mais da metade não busca nenhum tipo de ajuda, nem do poder público, nem da família e dos amigos”.
Samira Bueno
Diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública,.
As entrevistas foram realizadas nos dias 4 e 5 de fevereiro,
em 130 municípios de pequeno, médio e grande porte do País.
No total, o Datafolha ouviu 2084 pessoas, entre homens e
mulheres, com questões sobre percepção da violência. A amostra total de
mulheres foi de 1.092 entrevistas, sendo que destas 897 aceitaram responder o
módulo específico de autopreenchimento, com questões sobre vitimização
aplicadas somente às mulheres. As entrevistadas que aceitaram participar deste
módulo responderam sozinhas as questões diretamente no tablete, após orientação
do pesquisador.
Das mulheres ouvidas pelo instituto de pesquisa, 27,35% relataram ter sofrido algum tipo
de violência ou agressão em 2018, o equivalente a 16 milhões de brasileiras nas
estimativas mais tímidas traçadas.
Na sequência, as entrevistadas citaram casos de insulto,
humilhação e xingamento (ofensas
pessoais), com 21,84%, ameaça de apanhar, empurrar ou chutar, 9,53%, e
amedrontamento ou perseguição, com 9,08%.
A grande maioria das mulheres, 76,4%, apontou que os casos
de violência foram cometidos por conhecidos, entre eles
cônjuge/companheiro/namorado (23,9%), ex-cônjuge/ex-companheiro/ex-namorado
(15,2%), irmão/irmã (4,9%), amigo/amiga (6,3%) e pai/mãe (7,2%), entre outros.
Do total de mulheres entrevistadas, mais da metade, 52%,
declarou que não procurou ajuda após as agressões; apenas 15% falaram sobre o
assunto com a família, e 10% dos familiares; 10% fizeram denúncia em uma
delegacia da mulher, e 8% em delegacias comuns; 8% procuraram a igreja, e 5%
ligaram para o 190 da Polícia Militar.
Assédio
A pesquisa também mediu o grau de assédio às mulheres no
decorrer de 2018. Entre as entrevistadas que se dispuseram a responder o
questionário até o final, 37% disseram ter sofrido algum tipo de assédio no
período. Desse total, 32% receberam cantadas ou comentários desrespeitosos
quando andavam na rua; 11,46% receberam cantadas ou comentários desrespeitosos
no ambiente de trabalho; 7,78% foram assediadas fisicamente em transporte
público como no ônibus, metrô, van, táxi, etc.
Às vésperas do Carnaval, chamam a atenção os dados sobre
assédio na balada. A pesquisa apontou que 6,24% das mulheres ouvidas foram
abordadas de maneira agressiva durante uma balada, uma festa - isto é, alguém
tocou o seu corpo. Outras 5.02% foram agarradas ou beijadas sem consentimento,
ou seja, à força, e 3,34% relataram tentativas de abuso por estarem
embriagadas.
Os números indicam que o grupo mais vulnerável está entre os
16 e 24 anos, onde 66% das mulheres nesta faixa etária relatou ter sofrido
algum tipo de assédio; na faixa dos 25 aos 34 anos, esse índice cai para 54%, e
dos 35 aos 44 anos, para 33%.
Sobre o FBSP
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública foi constituído em
março de 2006 como uma organização não-governamental, apartidária e sem fins
lucrativos, cujo objetivo é construir um ambiente de referência e cooperação
técnica na área de atividade policial e na gestão de segurança pública em todo
o País.
Composto por profissionais de diversos segmentos (policiais,
peritos, guardas municipais, operadores do sistema de justiça criminal,
pesquisadores acadêmicos e representantes da sociedade civil), o FBSP tem por
foco o aprimoramento técnico da atividade policial e da governança democrática
da segurança pública.
O FBSP faz uma aposta radical na transparência e na
aproximação entre segmentos enquanto ferramentas de prestação de contas e de
modernização da segurança pública.
Fonte:
Analítica Comunicação - Assessoria de Imprensa do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública
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