Era para ser mais um evento que enaltecesse os avanços do
governo e servisse de reforço na sua pré-candidatura à reeleição à Presidência
da República.
Mas inauguração do novo aeroporto de Vitória, no Espírito
Santo, expôs o presidente Michel Temer a um discurso protocolar, longe da
imprensa e sem comentário algum sobre a operação Skala, da Polícia Federal, que
prendeu dois dos seus amigos mais próximos.
Durante as duas horas em que esteve na solenidade do
Aeroporto Eurico de Aguiar Salles, Temer evitou os jornalistas. E apesar do tom
de campanha que deu ao discurso de aproximadamente quatro minutos, não empolgou
a plateia que o assistia. O entusiasmo, quando surgiu, veio de políticos e
autoridades que acompanhavam a comitiva presidencial. Um termômetro da baixa
popularidade do presidente tanto no governo quanto nas intenções de voto nesta
pré-campanha.
Foram presos pela
Polícia Federal o empresário e advogado José Yunes, o presidente da empresa
Rodrimar, Antônio Celso Grecco, o ex-ministro de Agricultura Wagner Rossi e o
coronel da reserva da Polícia Militar (PM) João Batista de Lima Filho.
As ordens de prisão foram solicitadas pela procuradora-geral da República, Raquel
Dodge. Os mandados foram do ministro
Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal e fazem parte do
inquérito que apura o Decreto dos Portos.
O presidente Michel Temer é um dos alvos da investigação e
está sob suspeita de beneficiar a empresa Rodrimar na edição do decreto voltado
ao setor portuário.
Se Temer não falou, o ministro da Secretaria de Governo,
Carlos Marun, fez, mais uma vez, as vezes de porta-voz não oficial do Palácio
do Planalto. Insistiu que o Decreto dos Portos não beneficiou a Rodrimar e
afirmou que o presidente, ao lançar sua pré-candidatura, virou alvo dos que ele
chamou de “canhões da conspiração”.
E que tanto o Ministério Público quanto o Supremo Tribunal Federal deveriam ter
sido mais cuidadosos com o caso.
“Eu, veja bem: eu entendo o que o ministério público tem um papel acusador. Ministério Público tem um papel acusador, existe para isso. Na verdade penso que caberia ao judiciário, nesse momento, uma atenção maior em relação ao que se coloca, o que está posto na nossa Constituição”
O nome da operação da
Polícia Federal, Skala, se refere ao único porto da ilha de Patmos. A ilha é
conhecida entre os cristãos por ser o lugar onde o apóstolo João escreveu o
livro de Apocalipse.
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