“Quando eu conheci a filosofia de Polícia Comunitária, eu descobri a minha missão dentro da Polícia Civil”.
Deise
Luci de Andrade
Agente
de polícia.
Foi
graças a essa atenção à comunidade, um cuidado que mantêm por mais de 18 anos
de trabalho na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que a agente de
policia Deise Luci de Andrade foi agraciada com o colar Marechal Deodoro da Fonseca.
Idealizada
pela Ordem dos Cavaleiros da Inconfidência Mineira, uma das mais importantes
instituições cívicas e filantrópicas de Minas Gerais, a honraria é entregue
anualmente a pessoas que, atuando na área de Segurança Pública, prestaram
significativos serviços junto à sociedade e deixaram para a posteridade sua
marca.
Deise
está trabalhando na 17ª DP, em Taguatinga. Além de ser uma das poucas mulheres
agraciadas com a insígnia, durante a cerimônia realizada em Belo Horizonte, e
em meio a homenageados de todo o país, a agente foi representante quase
exclusiva do Distrito Federal, junto com um militar do Exército.
PIONEIRISMO
A
indicação da policial civil ao prêmio ocorreu por conta da distinção do
trabalho realizado, sobretudo quanto à Polícia Comunitária, conceito que, de
forma pioneira, levou à instituição e que norteou toda sua carreira.
“Foi
uma felicidade enorme”, conta
Deise, que enxerga o recebimento da homenagem como um reconhecimento da
história que tanto batalhou para construir.
“Eu
lutei muito por essa filosofia de Polícia Comunitária na instituição,
enfrentando preconceito, desconfiança, descrença, mas sem nunca deixar de
acreditar na importância da nossa integração com a comunidade”.
“Esse
trabalho é a expressão máxima do que a Constituição fala em responsabilidade de
todos, afinal a Segurança Pública não é apenas responsabilidade da Polícia”, analisa a agente de polícia.
“Por
isso, é tão importante oportunizarmos à população falar sobre Segurança
Pública”, completa.
TRAJETÓRIA
Segundo
Deise, logo que entrou na PCDF, em 1999, ela conheceu o conceito de Polícia
Comunitária – que preconiza a integração entre a instituição policial e a
comunidade. A ideia dessa filosofia é que, sempre em conjunto com as pessoas
que vivem na região, os policiais possam identificar, priorizar e buscar a resolução
para os problemas locais de criminalidade e violência.
Em
2003, por meio de projetos-pilotos em três cidades – Recanto das Emas,
Candangolândia e Cruzeiro –, o Governo do Distrito Federal (GDF) iniciou o
Programa de Segurança Comunitária do DF, que integrava diversos órgãos de
Segurança Pública e Defesa Social. E, em 2005, foram criadas a Divisão de
Polícia Comunitária e as seções de Polícia Comunitária em todas delegacias
circunscricionais.
Bem
antes disso, no entanto, ainda no ano de 2002, Deise já tinha dado início a um
trabalho sistematizado nesse sentido, com a criação do Núcleo de Polícia
Comunitária na 23ª Delegacia de Polícia (DP). Na ocasião, foram firmadas 30
parcerias e agregados mais 60 voluntários que participavam de projetos voltados
principalmente a crianças, jovens e idosos – desde cursos de alfabetização
voluntária a palestras sobre diversos temas.
A
iniciativa chegou a promover, inclusive, o encaminhamento de jovens envolvidos
com drogas para casas de recuperação e dos pais para acompanhamento
psicológico.
Para
a agente de polícia, essa abertura da delegacia à comunidade tem um grande
potencial para modificar a realidade do local. Ela lembra que, em casos em que
a investigação estava estagnada, por exemplo, essa proximidade facilitou o
trabalho policial, com a obtenção de informações de pessoas da região.
Em
2005, como a primeira chefe de Polícia Comunitária da 27ª DP, encabeçou uma
grande mobilização para que, na época, fosse feito o asfaltamento do Recanto
das Emas.
“Foram
feitas diversas reuniões com o governo, além de abaixo-assinados, porque a
gente entendia que a mobilidade daquela comunidade e também dos policiais
facilitaria o atendimento das ocorrências, contribuindo para a redução da
violência no local, além do impacto direto na qualidade de vida da população”, ressalta.
Ainda
na 23ª DP, foi desenvolvido o primeiro trabalho referencial de atendimento ao
idoso na PCDF – reconhecido pelo Conselho do Idoso do DF. Já o trabalho
desenvolvido na 27ª foi eleito, na ocasião, como umas das 12 melhores práticas
policiais do país em Polícia Comunitária, pela ONG Viva Rio e a Fundação
Konrad-Adenauer.
Agora,
o colar Marechal Deodoro da Fonseca será mais um entre os inúmeras certificados
e diplomas de honra ao mérito que Deise Luci acumula.
DEDICAÇÃO
Atuando,
hoje, na Seção de Atendimento à Mulher da 17ª DP, em Taguatinga Norte, e há
cerca de três anos da aposentadoria, ela continua dando exemplo de dedicação e
amor à profissão, bem como de defesa dos princípios e crenças que traz consigo.
“Uma
Polícia focada na interação com a comunidade é uma polícia moderna e, acima de
tudo, cidadã. É uma instituição do estado democrático de direito, onde o
cidadão tem voz e vez e que, de fato promove a paz social. É isso que defendo”, pontua Deise, ressaltando que vê o trabalho de
policial civil como um grande privilégio e uma imensa responsabilidade.
“Eu
tenho orgulho de ser policial, tanto porque sempre tive esse sonho quanto
porque foi Deus que me colocou aqui”, encerra.
SINPOL-DF
O Sindicato dos Policiais Civis do
Distrito Federal (Sinpol-DF) foi criado em 19 de dezembro de 1988 e, ao longo
dessas quase três décadas, firmou-se como a entidade representativa da carreira
que integra a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Conforme estabelecido
no Estatuto Social, o Sinpol-DF atua na coordenação, defesa e representação
legal dos agentes de polícia, escrivães, agentes policiais de custódia, peritos
criminais, peritos médicos legistas e papiloscopistas policiais.
Fotos: Lucas Ribeiro/Sinpol-DF
Fotos: Lucas Ribeiro/Sinpol-DF
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