A cooperação brasileira terá
mais uma ferramenta para auxiliar o aleitamento de crianças em aproximadamente
40 países. O Ministério da Saúde lançou em 19 de maio - Dia Mundial de Doação
de Leite -, conteúdo em espanhol para profissionais de saúde sobre o
atendimento de nascidos com microcefalia, especialmente sobre a amamentação. Já
existente em português, o Observatório Zika de Amamentação oferece qualificação
e ações práticas para os atendimentos.
As orientações serão dadas ao
vivo, em espanhol, por meio de videoconferência por profissionais do Ministério
da Saúde ou convidados. Ao final, os vídeos ficarão disponíveis no sistema para
que todos os profissionais de saúde tenham acesso às informações. Um exemplo de
orientação é a aplicação da musicoterapia para ajudar na flexão muscular e na
alimentação, pois parte das crianças com microcefalia apresenta irritação e
rigidez muscular. Outra são as explicações dos palestrantes convidados pelo
Observatório para orientar profissionais, como fonoaudiólogos, para estimular a
sucção do bebê com exercícios práticos.
A coordenadora da Saúde da Criança e Aleitamento Materno, do
Ministério da Saúde, Thereza De Lamare, destaca que a troca de experiências
e a cooperação com bancos de leite de outros países ampliam a responsabilidade
humanitária brasileira. “A experiência exitosa do Brasil, tanto no
seu território quanto na transferência de conhecimento aos países que fazem
parte da cooperação internacional, eleva a sua responsabilidade e o
protagonismo no desafio da redução da mortalidade infantil e a subnutrição
global”.
MODELO BRASILEIRO
O Brasil é, atualmente, a principal referência de
aleitamento materno e de doação de leite humano para aproximadamente 40 países.
A estratégia de bancos de leites do Brasil, desenvolvida há mais de 10 anos
pelo Ministério da Saúde, já beneficiou mais de 1,6 milhão de recém-nascidos e
de 15,1 milhões de mulheres assistidas em todo o mundo. Foram mais 1,3 milhão
de litros de leite doados por 1,5 milhão de mulheres doadoras.
MAIS DE 1 MILHÃO DE
BENEFICIADOS
Desenvolvido em parceria com
a Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores, o
sistema brasileiro é responsável pela redução sistemática da mortalidade na
infância. Somente no país, entre 1990 e 2013, essa taxa reduziu 70%.
Pioneiro na implantação de
políticas de aleitamento materno e de bancos de leite no mundo, o Brasil lidera
o alcance do modelo. A rede nacional
beneficia 1,1 milhão de recém-nascidos e assiste 13,1 milhões de mulheres. São
1,1 milhão de doadoras para 1,1 milhão de litros de leite coletados em 218
bancos de leite.
PROTEÇÃO AO ALEITAMENTO
O modelo brasileiro de bancos
de leite humano e as políticas públicas no Brasil são focados na proteção,
promoção e apoio ao aleitamento materno, exclusivo, até os seis meses e
continuidade da amamentação por dois anos ou mais. Nos bancos de leite humano,
por exemplo, todo leite coletado passa por um rigoroso controle de qualidade,
antes de ser distribuído, e é fornecido de acordo com as necessidades de cada
criança.
A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano foi estabelecida em 1998,
por iniciativa do Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz, com a missão
de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, coletar e distribuir
leite humano com qualidade certificada e contribuir para a diminuição da
mortalidade infantil. Além de coletar e distribuir leite humano a bebês
prematuros e de baixo peso, os Bancos de Leite Humano estão presentes em todos
os estados – alguns com coleta domiciliar – e realizam atendimento de
orientação e apoio à amamentação.
Em 2001, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a rBLH-BR, com o Prêmio Sasakawa de Saúde, como uma das ações que mais contribuíram
para redução da mortalidade infantil no mundo na década de 1990.
COOPERAÇÃO
A estratégia brasileira
abrange mais de 40 países, sendo 23 deles com participação direta do país na
formulação de políticas, na colaboração para ações de vigilância sanitária e na
capacitação, nas Américas Central e do Sul, além do México, Cabo Verde,
Portugal e Espanha. Há 11 projetos bilaterais vigentes. Por meio desta
cooperação, o Brasil transfere conhecimento, assessoria para formulação de
legislação, apoio para construção de sistemas de informação, treinamento e
tecnologia para pasteurização, gestão e planejamento, entre outras ações.
Venezuela e México são os
dois países com maiores respostas da estratégia. O país latino-americano
alcança 194,6 mil recém-nascidos e 522,7 mil mulheres, num total de mais de
33,8 mil litros coletados. No país da América Central, são 109,5 mil crianças e
108 mil mulheres beneficiadas, com 14,1 mil litros doados.
Um outro exemplo de sucesso
da cooperação brasileira é a relação com Cabo Verde. Com um único banco de
leite, o país africano reduziu em 55% a mortalidade infantil. Ao todo, 2 mil
crianças se beneficiam da estratégia, com 13,5 mil mulheres assistidas.
Fonte: Agência Saúde - Diogo Caixote
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