Para celebrar seus 18 anos, Carlos, brasileiro adotado aos 7 anos por
um casal espanhol, fez um pedido especial aos pais: queria visitar seu País de
origem e conhecer mais sobre a sua história.
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Crianças adotadas por famílias estrangeiras são, em sua maioria, mais
velhas, muitas com doenças ou deficiências físicas ou mentais. (Foto Arquivo)
A história de Carlos não é única. Situações semelhantes têm ocorrido em épocas distintas. De 2015 a 2018, por exemplo, 156 crianças brasileiras foram adotadas por famílias estrangeiras, de acordo com dados do Cadastro Nacional de Adoção, coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A visita de Carlos também tem um propósito maior: renderá
uma monografia de conclusão do segundo grau, chamado de bacharelado na Espanha.
“Ele
quer mostrar para todos os alunos da sua escola em Sabadell a importância da
adoção. Como a adoção pode mudar a vida de uma criança”, contou Maria Inês Valinho, coordenadora da
Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA) no Espírito Santo, e uma das
servidoras que participaram ativamente da adoção de Carlos.
Os pais espanhóis contaram que o jovem foi eleito
representante estudantil e monitor de turma e, no último verão, trabalhou no
colégio como técnico de futebol de crianças pequenas, atividade que o deixa
muito feliz e que pretende continuar a praticar.
“Vê-lo assim tão bem, crescido, extrovertido, entrosado
com sua família, quase não fala mais português, é tão emocionante que foi
difícil segurar as lágrimas”, comentou Maria Inês.
Carlos visitou os dois irmãos mais velhos, que foram
adotados por famílias brasileiras, e fez questão de se encontrar com a
cuidadora que o acompanhou durante a infância no abrigo.
Nos últimos três anos, quatro crianças brasileiras foram
adotadas por famílias espanholas.
O país que mais adota brasileiros é a Itália. De 2015 a 2018
foram adotadas por famílias italianas 126 crianças brasileiras. “As
crianças colocadas à disposição de uma adoção internacional são aquelas que já
estão há muito tempo disponíveis para adoção por famílias brasileiras, mas
acabaram sendo preteridas”, explica Patricia Pereira Neves, diretora do CEJA do TJ-ES.